Jesuítas estão incentivando fiéis católicos a entrar no Second Life, o mundo virtual da internet, do qual participam mais de oito milhões de usuários.
No Second Life, cada participante assume a forma de um 'avatar', como são chamados os residentes do site.
Em um artigo publicado na revista Civilità Cattolica, os jesuítas dizem que a internet é também uma oportunidade para evangelizar.
“Second Life é um sinal de modernidade, um instrumento que deve ser utilizado”, disse à BBC Brasil o padre Michele Simone, vice-diretor da Civilità Cattolica, uma publicação da Companhia de Jesus, congregação que reúne os jesuítas.
Simone lembra que outras religiões já estão presentes no mundo virtual e que, portanto, seria "oportuno" que a Igreja Católica fizesse o mesmo.
“Tem espaço para Deus no universo cibernético”, afirmou. “Seria bom que a idéia de Deus fosse apresentada de forma correta no Second Life.”
Inovação
A proposta dos jesuítas é considerada inovadora no mundo católico. No artigo publicado na última edição da revista da congregação, eles dizem que é “preciso ter coragem de se aventurar no mundo do Second Life, o lugar na internet onde é possível viver em maneira simulada uma segunda vida, digital, e onde uma crescente população mundial de internautas tem necessidade de receber uma mensagem de fé”.
Riscos e oportunidades são analisados no texto da Companhia de Jesus. De acordo com os jesuítas, “a segunda vida virtual está cheia de locais de orações, mesquitas, igrejas, catedrais e conventos, sempre mais populosos de avatares, desejosos de meditar e encontrar Deus”.
Eles assinalam que, no Second Life, existem grupos ou lugares de caráter religioso e espiritual.
"São 23 igrejas. Também catedrais como as simulações das católicas Notre-Dame, de Paris, da catedral de Salzburgo, ou da anglicana Saint Paul, de Londres.”
'Terra de missão'
Na avaliação dos jesuítas, “qualquer iniciativa capaz de animar positivamente esse lugar deve ser considerada oportuna. A terra digital é, a seu modo, também terra de missão”, diz o texto.
Segundo o padre Simone, a idéia desse desafio nasce de um fato concreto: o fenômeno está em expansão. De acordo com ele, é importante que os católicos não estejam ausentes. Ao contrário, devem participar “para não deixar que a dimensão religiosa seja instrumentalizada ou ocupada por outros”.
Foi também a revista da Companhia de Jesus que, em 2005, convidou os católicos a entrar no mundo dos blogs e divulgar a fé por meio da internet.
Hoje, são inúmeros padres, bispos e cardeais ao redor do mundo que criaram blogs para se comunicar com os fiéis. Alguns, inclusive, criticam decisões tomadas pelo papa Bento 16.
Estima-se que existam atualmente na internet mais de nove mil páginas de paróquias e congregações católicas.
Uma versão religiosa do YouTube, o GodTube, também foi criada.
Até mesmo as irmãs carmelitas italianas, que vivem na clausura, contam seu dia-a-dia através de um blog.
Na última semana, foi a vez de o Vaticano inovar, lançando uma página virtual interativa na internet, colocando, inclusive, uma webcam direcionada à tumba do papa João Paulo 2º.
O padre Simone diz que o desafio é direcionado aos católicos e não sabe se o Vaticano apoiará a iniciativa. De qualquer maneira, ele lembra que a revista Civilità Cattolica é supervisionada pela Secretaria de Estado da Santa Sé e nenhum texto é publicado antes que conte com o aval oficial do Vaticano.
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